Da essência da tecnologia à dependência estratégica: uma agenda para os Estudos de Defesa
DOI:
https://doi.org/10.26792/rbed.v12i1.75416Palavras-chave:
Tecnologia, Dependência Estratégica, Forças ArmadasResumo
A maioria dos estudiosos dedicados às questões de Defesa e Segurança Internacional nas Relações Internacionais atrelam a excelência do desempenho estratégico dos países à posse de sistemas de armamento tecnologicamente sofisticados, e quanto maior a sofisticação, maior o desempenho. Nessa linha de pensamento, esse desempenho estratégico outorgado pela atualização tecnológica forneceria a vantagem para a vitória da guerra; isto é, quanto maior atualização na sofisticação, maior vantagem militar. Finalmente, essa capacidade para vencer a guerra garantiria a autonomia da decisão política nacional, ou seja, maior sofisticação equivaleria a maior capacidade de decisão política. Neste artigo defendemos que essas hipóteses são falsas e em realidade obedecem à lógica da oferta mundial de armamentos; que a demanda é gerada pela implantação ideológica da mística da “vitória tecnológica” baseada no desenvolvimento tecnológico nacional; que o desenvolvimento tecnológico nacional não apenas não garante a liberdade de ação estratégica, senão que a compromete. Com esses objetivos, discutimos os conceitos de “tecnologia”, de “técnica” na sua aplicação ao material bélico, de “desenvolvimento tecnológico”, de “liberdade de ação estratégica” e de “autonomia da decisão”. Subsidiariamente, buscamos apresentar avenidas alternativas de pesquisa para refletir sobre a tecnologia nos campos de Defesa e Segurança Internacional.
Downloads
Referências
Assis, Jonathan. 2022. “A autonomia estratégica e o fetichismo da tecnologia militar na América do Sul: análise da demanda militar do Brasil (2005-2015)”. Tese —Doutorado, Universidade Estadual Paulista (Unesp). https://repositorio.unesp.br/items/ea494e16-9d9a-46e8-a85b-a9cfa0781a67.
Assis, Jonathan, Silva e José. Diego e Zague. 2018. “Armamento”. Em Dicionáriode Segurança e Defesa, editado por Héctor Saint-Pierre e Marina Vitelli. São Paulo:Editora Unesp.
Saint-Pierre, H. L. e J. D. A. de Araujo. 2023. “Cosmotécnicas, inteligencia estratégica y el derecho al futuro”. Revista Pensamiento Estratégico-Ademic 3, no. 101: 9.
Dagnino, Renato. 2008. “Em que a Economia de Defesa pode ajudar nas decisõessobre a revitalização da Indústria de Defesa brasileira?”. Oikos VII, no. 9: 113–37. DOI: https://doi.org/10.5935/1809-2667.20070003
Dagnino, Renato. 2010. A indústria de defesa no governo Lula. São Paulo: ExpressãoPopular.
Ellul, Jacques. 1980. The Technological System. New York: The ContinuumPublishing Corporation.
Feenberg, Andrew. 2002. Transforming technology: a critical theory revisited. Oxford:Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780195146158.001.0001
Feenberg, Andrew. 2013. “O que é a filosofia da tecnologia?”. Em A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia, editado pop Ricardo Neder. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina/CDS/UnB/Capes.
Heidegger, Martin. 1969. Introducción a la Metafísica. Buenos Aires: Ed. Nova.
Heidegger, Martin. 1974. El Ser y el Tiempo. México: Fondo de Cultura Económica.
Heidegger, Martin. 2007. “A questão da técnica”. Scientiæ studia 5, no. 3: 375–98. DOI: https://doi.org/10.1590/S1678-31662007000300006
Heilbroner, Robert. 1967. “Do Machines Make History?” Technology and Culture 8, no. 3: 335–45. DOI: https://doi.org/10.2307/3101719
Heilbroner, Robert. 1994. “Technological Determinism Revisited”. Em Does Technology Drive History? The Dilemma of Technological Determinism, editado por Merritt Smith e Leo Marx. Cambridge: The MIT Press.
Herrera, Geoffrey. 2003. “Technology and international systems”. Millennium: Journal of International Studies 32, no. 3: 559–93. DOI: https://doi.org/10.1177/03058298030320031001
Kaldor, Mary. 1976. “The arms trade and society”. Economic and Political Weekly 11, no. 5/7.
Kaldor, Mary. 1977. “The Significance of Military Technology”. Bulletin of Peace Proposals 8, no. 2: 121–23. DOI: https://doi.org/10.1177/096701067700800204
Kaldor, Mary. 1986. El arsenal barroco. Madrid: Siglo XXI.
Liang, Qiao e Wang Xiangsui. 1999. A Guerra além dos limites: conjecturas sobre a guerra e a tática na era da globalização. Beijing: Pla Literatura and Arts Publishing House.
Mackenzie, Donald e Judy Wajcman. 1985. “Introductory Essays”. Em The social shaping of technology: how the refrigerator got its hum, editado por Donald Mackenzie e Judy Wajcman. Milton Keynes: Open University Press.
Marcuse, Herbert. 1999. Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: Editora Unesp.
Marcuse, Herbert. 2002. One-Dimensional Man: Studies in the ideology of advanced industrial Society. London and New York: Beacon Press.
Mayer, Maximilian, Mariana Carpes e Ruth Knoblich, eds. 2014. The Global Politics of Science and Technology — Vol. 1: Concepts from International Relations and Other Disciplines. Berlin: Springer. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-642-55007-2
Misa, Thomas. 1988. “How Machines Make History, and How Historians (And Others) Help Them to Do So”. Science, Technology, & Human Values 13, no. 3:308-31. DOI: https://doi.org/10.1177/016224398801303-410
Mumford, Lewis. 1961. “Neglected Clue to Technological Change”. Technology and Culture 2, no. 3: 230–6. DOI: https://doi.org/10.2307/3101022
Neder, Ricardo. 2013; “Apresentação: o que (nos) quer dizer a Teoria Crítica da tecnologia?”. Em A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia, editado por Ricardo Neder. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina/CDS/UnB/Capes.
Noble, David. 2001. La locura de la automatización. Barcelona: Alikornio Ediciones.
Pacey, Arnold. 1983. The Culture of Technology. Cambridge: The MIT Press
Rouquié, Alain. 1987. The Military and the State in Latin America. Berkeley: University of California Press.
Saint-Pierre, Héctor e Jonathan Assis. 2023. “Cosmotécnicas, Inteligencia Estratégica y el Derecho al Futuro”. Revista Pensamento Estratégico — Ademic 3, 1. ed.
Saint-Pierre, Héctor. 1993. “Racionalidade e estratégias”. Premissas 3 (abril).
Sismondo, Sergio. 2008. An Introduction to Science and Technology Studies. Chichester: Wiley-Blackwell.
Smith, Merritt e Leo Marx. 1994. “Introduction”. Em Does Technology Drive History? The Dilemma of Technological Determinism, editado por Merritt Smith e Leo Marx. Cambridge: The MIT Press.
Winner, Langdon. 1980. “Do artifacts have politics?”. Technology and the Future 109, no. 1: 148–64.
Wulf, Herbert. 1979. “Dependent militarism in the periphery and possible alternative concepts”. Em Arms transfers in the modern world, editado por Stephanie Neuman e Robert Harkavy. New York: Praeger Publishers.
Wyatt, Sally. 2008. “Technological Determinism Is Dead; Long Live Technological Determinism”. Em The Handbook of Science and Technology Studies, editado por Edward Hackett, Olga Amsterdamska, Michael Lynch e Judy Wajcman. Cambridge: The MIT Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Héctor Saint-Pierre, Jonathan de Assis

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).